No passado, líderes bem conceituados eram aqueles que mais conseguiam trabalhar no modelo comando/controle. O foco era basicamente no aspecto quantitativo. O desejo era descobrir quais eram as melhorias de processos possíveis, numa busca incessante por eficiência e produtividade.

Hoje, não há mais espaço para uma visão mecanicista, de que a empresa é uma “máquina” e o departamento tem que funcionar como um “relógio”, em que as pessoas precisam se ajustar como peças e se algo “travar”, é necessário “azeitar” as engrenagens. Parece até engraçado, mas esse era o tipo de linguagem comum no vocabulário das conversas dos corredores até pouco tempo. Esse modelo já não se “encaixa” mais.

O mundo mudou e a liderança também evoluiu. Atualmente, se valorizam a criatividade, a autonomia, a argumentação, a cooperação, a co-construção, sempre a serviço do propósito comum. O trabalho sem sentido não cabe mais.

As pessoas querem realizar algo que tenha significado, não apenas para elas, mas também para contribuir com uma sociedade melhor, um mundo melhor. O tempo que conta não é apenas o do presente. O futuro a médio longo prazo também entrou na pauta das discussões. E com isso, não é apenas o lado técnico de um profissional que conta; o lado humano do líder ser humano é necessário e essencial.

Esses modelos evoluem conforme a evolução da consciência da humanidade. Desta forma, os relacionamentos ficaram muito mais abertos, diretos e horizontais. A figura do poder, do cargo, da hierarquia está se diluindo. Todos podem falar com todos, desde que estejam genuinamente a serviço do mesmo propósito. Assim, a qualidade dos relacionamentos também se transformou e ganhou novos adjetivos: as relações serão cada vez mais transparentes, verdadeiras, responsáveis, empáticas, éticas e morais. E quem não trabalhar com essas qualidades estará ainda vivendo com base num passado que não existe mais.

Dado que a geração de valor está agora na colaboração, na criação coletiva e na cooperação, o diálogo verdadeiro é o meio para que tudo isso se realize. E a base que estabelece e permite que tudo isso aconteça é a confiança. Se não existir confiança, o “meio” entre as pessoas se torna tóxico, e as conversas verdadeiras e francas não surgem. Brota o sentimento de insegurança. As agendas “ocultas”, as intenções não reveladas e toda espontaneidade e liberdade são corroídas pelo esse meio tóxico e contaminado pelo medo.

O binômio “liberdade e responsabilidade”
O líder precisa ser exemplo em tudo o que fala e tudo o que faz, respeitando a coerência entre liberdade e responsabilidade. Isso desenvolve um ambiente sadio e frutífero.

O líder dá espaço e respeita a autonomia das pessoas conforme os compromissos que são definidos no dia a dia. A relação é dinâmica, madura e verdadeira. Há vida “ao redor”, “entre” e “dentro” de cada uma das pessoas com quem o líder se relaciona.

O ganho, tanto para a organização como para o indivíduo, é integral: não existe só o ganho mensurado pelo resultado financeiro. Nem existe apenas o ganho do trabalho com propósito, porém com resultados deficitários. A regra agora é “um e outro” e não mais “um ou outro”.

A busca individual é trabalhar numa organização onde:

  • eu seja remunerado o suficiente para atender minhas necessidades;
  • eu reconheça valor e propósito no trabalho e nas atividades que exerço;
  • eu integro um grupo de pessoas que admiro e com quem aprendo e me desenvolvo;
  • eu sirva aos mesmos ideias aos quais a organização serve na construção do mundo.

O líder provavelmente encontrará paz e integridade de alma quando ele se sentir líder de si e líder em uma organização que comunga de todos esses aspectos. Desta forma, a liderança mais humanizada poderá despertar a real qualidade do humano nos seres humanos.

Leandro Kao
consultor e mediador associado ao EcoSocial.

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