Nos últimos anos, o tema liderança nas organizações tem sido pauta de muitos seminários, congressos, artigos, livros e palestras. O propósito de tanto debate em torno do tema é criar modelos ou caminhos capazes de desenvolver e reter os líderes nas organizações e, ao mesmo tempo, motivar os que almejam essa carreira a buscar melhores posições no mundo empresarial.

A tentativa, por parte das organizações, é oferecer soluções de desenvolvimento viáveis, com retorno sobre os investimentos aplicados e, consequentemente, resultados positivos face aos desafios de gerir pessoas, áreas e estratégias nas mais diversas condições. Não é raro o uso figurativo de imagens de super-heróis e seus superpoderes como analogia para as competências necessárias para alcançar os cargos de liderança. Neste sentido, a década passada estimulou muito a obtenção de conhecimentos como foco de desenvolvimento desses profissionais. Frases como “você precisa ter uma excelente formação” ou “precisa saber idiomas” ou “precisa ter experiência horizontal, regional, etc”., foram insistentemente utilizadas como a receita essencial para se tornar um paladino da justiça. Recurso até certo ponto necessário, principalmente se levarmos em conta o momento vivido pelas organizações, que precisavam acelerar a internacionalização e investir na formação dos executivos.

E qual momento estamos vivendo hoje? As empresas evoluíram, os executivos estão mais preparados, o processo de gestão de pessoas é bem mais flexível e ocorre por intermédio do diálogo. Aspectos estes facilmente observáveis por meio das novas formas de trabalho, com os escritórios com layouts mais abertos e informais, sem postos de trabalho fixos, com o uso de recursos para estimular os encontros, a mobilidade, a interatividade e criatividade, sem falar ainda das equipes totalmente virtuais. Nesta perspectiva, a atitude, o relacionamento interpessoal e a flexibilidade ganham projeção como diferenciais na carreira, ou seja, ser é agora a bola da vez.

Na prática, essa transição de modus operandi significa que, além do conhecimento técnico, o que irá assegurar o sucesso é o autoconhecimento, a maneira como as pessoas interagem, como formam vínculos, como influenciam outras pessoas da equipe. A velha pergunta dos filósofos “Quem sou eu?” estimula tantas outras reflexões, por exemplo como ofereço e peço ajuda? Como estabeleço acordos? Como acompanho os resultados? Como construo visões e pontes? Tudo isso surge a partir da essência do ser. Os líderes que estruturam o caminho interno para se conhecer e chegar até esta essência, este lugar tão desconhecido, obterão ganhos. O convite é: inicie o mergulho para emergir com novas possibilidades.

ANGÉLICA MORO

Veja mais Pensamentos vivos

Veja mais